Cultura é um dos critérios de avaliação que a Humanizadas se propõe a medir a partir dos dados da Pesquisa Melhores para o Brasil. No Relatório de Resultados da Humanizadas 2022 – lançado no dia 15 de junho e foi elaborado pelo nosso time de pesquisa a partir dos dados de mais de 300 organizações avaliadas em 2021, com respostas de 86.553 indivíduos – percebemos que as 200 organizações Melhores para o Brasil possuem performance superior em múltiplos indicadores quando comparadas ao mercado. Alguns deles são:
- Índice de Bem-Estar – 2,19x superior
- Experiência do cliente – 1,47x superior
- Performance ESG – 1,76x superior
Essas mesmas organizações também possuem rentabilidade 4,81 vezes superior à do mercado. Mas, como essas métricas se relacionam com Cultura?
Pedro Paro, fundador da Humanizadas, estudou mais de 1000 artigos durante seu mestrado. Ele traz no texto Três erros comuns sobre Cultura Organizacional a ideia da Cultura como o fator crítico de sucesso do negócio.
A cultura de uma organização é dinâmica e está em constante transformação a partir da relação entre as pessoas. Portanto, se as organizações são formadas por pessoas, e somos pela nossa natureza seres relacionais, a todo momento estamos vivendo cultura e consequentemente impactando os resultados do negócio.
Por isso, quando olhamos para indicadores como Bem-estar dos colaboradores, Satisfação dos clientes e ESG, também estamos falando sobre a cultura organizacional. A cultura da organização não apenas é responsável por entregar tais resultados (bem-estar, satisfação e performance), como também estes indicadores são artefatos para ilustrar o quão saudável é ou não uma determinada cultura.
No mesmo Relatório de Resultados citado anteriormente, quando comparamos as 200 organizações Melhores Para o Brasil, com a média do mercado brasileiro (a partir da correlação com base de dados públicos avaliando mais de 5 mil organizações), também identificamos que elas geram valor superior em:
- Capacidade de inovação – 1,90 x superior
- Ambientes de maior diversidade e inclusão – 1,40 x superior
- Reputação da marca – 1,44 x superior
- Confiança interna – 1,90 superior
- Liberdade de expressão – 1,50 superior
- Segurança psicológica – 2,07 superior
- Bem-estar – 1,67 superior
- Transparência – 1,76 superior
Ainda quando olhamos para o público interno dessas 200 Melhores para o Brasil, vemos uma satisfação superior em 1,34 x dos colaboradores e 1,54 x nas lideranças.
Dentre uma lista de 63 diferentes características contidas no questionário de cultura da Humanizadas, ética, confiança e aprendizado contínuo são as características pessoais mais valorizadas pelos respondentes. Essas são as características que os brasileiros mais valorizam em suas relações pessoais e profissionais, e provavelmente as características que podem ter uma grande influência nos resultados das organizações.
No contato com as Devolutivas para as organizações, momento em que explicamos o relatório e os resultados de cada empresa para as lideranças, percebemos que na maioria das vezes há uma preocupação genuína com a cultura presente na empresa. Ao mesmo tempo, existe uma dificuldade das pessoas para entender o que é de fato cultura e como ela está relacionada à prática do dia a dia e as mudanças percebidas como necessárias na estratégia ou no operacional.
Os artefatos que vemos nas organizações, como valores nas paredes ou frases em camisetas, são pontos importantes para ilustrar a cultura presente ou desejada por uma organização. Mas, para além disso, a cultura organizacional acontece a partir dos comportamentos vivenciados no dia a dia, gerando para a organização uma identidade dinâmica a partir do que é manifestado nas relações entre os indivíduos . Ou seja, quando olhamos para a cultura, estamos olhando também para os processos, as rotinas e a maneira como as pessoas se relacionam no dia a dia e, fundamentalmente, para os resultados que queremos alcançar.
A grande reflexão que trazemos para as organizações é: sua cultura está alinhada ao propósito e a visão de futuro da sua organização? Os comportamentos presentes no dia a dia, estão contribuindo para alcançar os resultados esperados?
Quando Peter Drucker, considerado o pai da gestão, diz que “a cultura come a estratégia no café da manhã”, precisamos lembrar que para manter o bom funcionamento de uma organização e para ter resultados positivos, também precisamos olhar para as relações entre os diferentes stakeholders.
A estratégia e os resultados de uma organização não ocorrem de maneira isolada, eles exercem influência e também são influenciados pela cultura. Trabalhar a estratégia de negócio deveria ser desenvolver cultura, e desenvolver cultura também precisa ser trabalhar a estratégia de negócio.
Olhar para cultura é entender o que realmente gera valor para cada stakeholder, como uma organização gera esse valor, percebendo os pontos que podem ser desenvolvidos ou ajustados para que a estratégia de uma organização seja executada da melhor forma possível.
Pedro Paro e Jessica Oliveira
CEO Humanizadas e Coordenação Comunidade Humanizadas