Grande parte das empresas ainda toma decisões estratégicas sem ouvir de fato seus stakeholders. Essa desconexão cria uma miopia no negócio: expectativas reais são ignoradas, gerando perda de confiança e decisões internas que não refletem as reais necessidades do mercado. A consequência? Perda de performance e destruição de valor.
Evidências da minha tese de doutorado, defendida na Universidade de São Paulo, mostram que empresas que integram de forma consistente a voz dos stakeholders entregam resultados muito superiores ao mercado: 20% mais crescimento anual, 28% maior retorno para investidores, 26% redução nas emissões de gases de efeito estufa e 64% mais impacto positivo na cadeia de valor. A sua empresa pode ouvir melhor os seus stakeholders, e utilizar ciência aplicada para ter uma melhor performance.
Stakeholders como motor invisível de performance
Por muito tempo, acreditamos que o valor de uma empresa era medido apenas em resultados financeiros de curto prazo.
Mas a realidade é outra: os dados de inúmeras pesquisas que já desenvolvemos na Humanizadas, avaliando mais de 3.000 empresas no mundo, em 25 países e 30 setores diferentes, mostram que empresas que integram as demandas de seus stakeholders conseguem não apenas prosperar financeiramente, mas também construir confiança, resiliência e impacto positivo no longo prazo.
Resultados reais
Em minha tese de doutorado, defendida na Universidade de São Paulo (EESC/USP), sob orientação do Prof. Mateus Gerolamo (USP), e mentoria do Prof. Luiz Ricardo Kabbach (Indiana University) e do Prof. Raj Sisodia (Babson College e Tech Monterrey), comprova de maneira estatística os seguintes resultados:
Há uma correlação direta entre empresas que orientam sua gestão para gerar valor a múltiplos stakeholders e um desempenho superior em indicadores financeiros, sociais e ambientais.
Os dados comprovam:
de crescimento anual
de retorno para investidores (ROI)
dde redução de emissões de GEE (GHG)
de impacto positivo na cadeia de valor
Esses resultados não são apenas narrativas de mercado. São evidências científicas com confiabilidade estatística (p valor < 0,0001) de que a abordagem orientada a geração de valor para os stakeholders não é uma tendência passageira ou hype, mas a essência dos negócios.
O que os stakeholders estão dizendo, sua empresa está ouvindo?
Ao ouvir mais de 500 mil stakeholders no Brasil e no mundo ao longo dos últimos cinco anos, constatamos que aproximadamente 67% das reais necessidades dos stakeholders não estão sendo atendidas.
Isso significa que a maioria das empresas ainda está presa em uma visão limitada de valor, focada apenas no acionista, e ignora o potencial de crescimento escondido nas expectativas de colaboradores, clientes, fornecedores, comunidades e sociedade.
Empresas que rompem esse padrão não apenas melhoram seus índices de engajamento, clima, satisfação dos clientes e margens, mas também
criam novas oportunidades de mercado e diferenciação competitiva.
O ROI da confiança
Quando uma empresa constrói confiança com seus stakeholders, ela reduz riscos, acelera decisões e amplia a licença social para operar.
Os números do meu doutorado deixam isso claro.
Confiança está diretamente associada ao maior retorno sobre investimento. Empresas que cultivam confiança reduzem custos invisíveis, como rotatividade e retrabalho. Stakeholders engajados tornam-se agentes de crescimento, gerando efeito multiplicador em toda a cadeia de valor.
Esse é o ROI da confiança.
Um ativo invisível, mas quantificável, que explica por que empresas orientadas aos stakeholders entregam mais valor ao longo do tempo.
Liderança para múltiplos stakeholder
Nenhuma transformação nesse nível acontece sem liderança.
Líderes precisam abandonar a visão restrita de “maximização de valor para o acionista a qualquer custo”, e adotar uma visão mais elegante, moderna e inteligente de “geração de valor para todos os stakeholders”.
Não é apenas uma questão ética ou reputacional. É uma questão de inteligência estratégica. No mundo de hoje, quem não entende stakeholders, não entende o próprio negócio.
